Segundo: Intervalo para acompanhar de perto uma partida de ping-pong freestyle. Aqui o esporte ocupa duas quadras, dentro da quadra principal do evento. Sem o som característico das raquetes, nesta modalidade os jogadores fazem uso das mãos para rebater com maestria artística as jogadas vindas do outro lado. No clima de camaradagem da noite, as duplas costumam vão sendo formadas na hora. Mais do que de repente, um ator de rua baiano e um artista plástico - até então desconhecidos um do outro - se tornam grandes parceiros no tempo e vencem três partidas. Aqui todos ganham em risos e satisfação.
Terceiro: “Maconha, olha a Maconha... aqui, informações(!) sobre a Maconha”, entoa a voz no megafone. Estamos no estande da Ananda, grupo anti-proibicionista baiano que acendendo as pontas conquistou o direito de expressão dos cannabistas em Salvador. A edição da Marcha aqui na cidade está marcada para o dia 5 de dezembro, no Porto da Barra. Daqui pra lá o grupo promove oficinas criativas e arrecada verbas para a confecção de material. Todos os broches com a folha da Cannabis foram vendidos. O estande, localizado ao lado do picadeiro, reservou um espaço também para leitura, disponibilizando um riquíssimo acervo da cultura canábica, dentre eles uma compilação de tiras do Metous, camisetas da grife lombra e edições do livro O Fino da Massa. “ A Maconha é objeto de consumo cultural, ela atua dentro de contextos culturais. Ela é alimento da alma e do espírito da sociabilidade”, afirma Sérgio Vidal, pesquisador da ANANDA.
O cantinho é receptivo as tantas manifestações artísticas presentes, de modo que o visitante sempre leva uma nova informação sobre a ganja. “A Maconha pode ser estudo de várias outras áreas do conhecimento, mas faz parte do processo de estudo mesmo o campo artístico. É impossível dissociar”, afirma Neco Tabosa, jornalista responsável pelo o livro O Fino da Massa e editor do blog Filipeta da Massa.
Quarto: Navegamos pro palco, onde neste momento o encontro abre espaço para a manifestação da cultura rastafári com a apresentação da banda Aliança. Loas do reggae meditation e nyambinghi embalam a dança mágica dos leões guerreiros. Quem já foi num show de reggae sabe do elo que se forma entre a platéia e a banda, numa troca de vibrações alquímica. A intensidade é tanta que é comum você encontrar pessoas em pleno transe contemplativo da existência. Em meio aos chamados de Jah, teve maluco do Maranhão que achou até que tava na ilha... Com a cabeça feita, ficamos por aqui.