Meses atrás, mais precisamente no dia 6 de setembro deste ano, eu estava partindo da cidade de Tanger com destino a Chefchaouen, ambas em terras marroquinas. Chaouen, como é chamada pelos nativos da região, é uma pequena cidade que se destaca de todas as outras no marrocos, a começar pelo trajeto. Tudo parece tranquilo até imediações de Tetouan, quando de repente, desavisadamente me deparo com as montanhas do Rif, cordilheira megalomaníaca que deixa o resto do trajeto com gostinho de não-quero-mais. O caminho contorna as montanhas, sempre subindo, numa sinuosa e paranóica estrada estreita deixando qualquer passageiro com o cu na mão durante as 2 horas e meia de percurso restante.
Já no fim do trajeto, me surpreendo com o cartão postal da visão do alto das montanhas tocando as nuvens, e finalmente chego ao destino final.
Eram exatamente 19hs e não se via quase ninguém nas ruas. Silêncio absoluto. As únicas pessoas que vi nesse instante, sem uma única exceção, estavam acendendo ou fumando um baseado.
Depois de alguns minutos processando aquela primeira impressão, me lembrei que estava no mês do ramadan, e que era exatamente aquela a hora em que se acabava o jejum muçulmano, depois de um dia inteiro sem comer. Isso fazia com que a cidade virasse um fantasma e todos os seus habitantes se recolhessem pras refeições em família. E como o jejum também proibe o fumo durante a luz do dia, aquela também era a hora do fumacê geral, o grito de largada da chapação all night long...
Em menos de 10 minutos, tempo que demorei pra achar um moquifo pra pernoite, contei 6 diferentes e simpáticos nativos que se aproximaram, as vezes tentando puxar qualquer assunto, pra me oferecer haxixe(ou chocolate, na forma carinhosa de se referir à mesma coisa).
Neguei a oferta de todos, afinal de contas, pagar pela primeira maconha que se vê pela frente é coisa de maconheiro.
Depois de pagar 30 dihrans(3 euros) pela dormida, o responsável pelo local, como não podia deixar de ser, me oferece uma apetitosa pedra de haxixe que mais parecia um kinderovo. O chocolate me custou mais 30 euros...
Nos dias que se seguiram, pude conhecer profundamente aquela que é a cidade ironicamente mais tranquila e receptiva do marrocos, inclusive, citadas dessa forma em livros e guias de viagem.
A cultura da maconha tá em toda parte, seja ela em pedras de haxixe, em sacos de kif(uma espécie de maconha em pó, triturada, de efeito mezzo-piano), ou no "azeite"(pasta escura usada como recheio no baseado), de tapa mongolizante.
Não é difícil de notar que é exatamente dessa região que sai a maconha que atravessa gilbraltar até os lares da europa. As montanhas dos arredores são recheadas com arbustos da cannabis, que geralmente são processados nas casas dos próprios moradores da cidade antes de circularem como produto de consumo e exportação(hoje o haxixe representa 10 por cento da grana que entra no marrocos com exportação, gerando uma tolerância social de consumo e venda da droga).
*chefchouan significa "dois chifres".
Eram exatamente 19hs e não se via quase ninguém nas ruas. Silêncio absoluto. As únicas pessoas que vi nesse instante, sem uma única exceção, estavam acendendo ou fumando um baseado.
Depois de alguns minutos processando aquela primeira impressão, me lembrei que estava no mês do ramadan, e que era exatamente aquela a hora em que se acabava o jejum muçulmano, depois de um dia inteiro sem comer. Isso fazia com que a cidade virasse um fantasma e todos os seus habitantes se recolhessem pras refeições em família. E como o jejum também proibe o fumo durante a luz do dia, aquela também era a hora do fumacê geral, o grito de largada da chapação all night long...
Em menos de 10 minutos, tempo que demorei pra achar um moquifo pra pernoite, contei 6 diferentes e simpáticos nativos que se aproximaram, as vezes tentando puxar qualquer assunto, pra me oferecer haxixe(ou chocolate, na forma carinhosa de se referir à mesma coisa).
Neguei a oferta de todos, afinal de contas, pagar pela primeira maconha que se vê pela frente é coisa de maconheiro.
Depois de pagar 30 dihrans(3 euros) pela dormida, o responsável pelo local, como não podia deixar de ser, me oferece uma apetitosa pedra de haxixe que mais parecia um kinderovo. O chocolate me custou mais 30 euros...
Nos dias que se seguiram, pude conhecer profundamente aquela que é a cidade ironicamente mais tranquila e receptiva do marrocos, inclusive, citadas dessa forma em livros e guias de viagem.
A cultura da maconha tá em toda parte, seja ela em pedras de haxixe, em sacos de kif(uma espécie de maconha em pó, triturada, de efeito mezzo-piano), ou no "azeite"(pasta escura usada como recheio no baseado), de tapa mongolizante.
Não é difícil de notar que é exatamente dessa região que sai a maconha que atravessa gilbraltar até os lares da europa. As montanhas dos arredores são recheadas com arbustos da cannabis, que geralmente são processados nas casas dos próprios moradores da cidade antes de circularem como produto de consumo e exportação(hoje o haxixe representa 10 por cento da grana que entra no marrocos com exportação, gerando uma tolerância social de consumo e venda da droga).
Além de toda essa neblina, Cheouan é uma das cidades mais bonitas de toda a áfrica, com uma medina enorme, labiríntica, e todas(todas!) as suas casas são pintadas de azul claro. A cidade termina numa bela queda d'água entre as duas montanhas que a tangenciam*.
*chefchouan significa "dois chifres".
9 comentários:
papai nao quero mas ir para a disneilandia !!!!!
Espero pela segunda parte...
O tesouro de Chefchouen e seu guardião internacional, Mohamed o ultimo dos profetas, que por sinal vende haxixe e dá uma bola tb...
amsterdam o caralho!
eu quero ir pra dois chifres!
Sensacional! Putz, não fui pra Chefchaouen...
Visitei os arredores da cidade pra ver a produção do chocolate-- um moleque de no máximo 10 anos de idade se divertia com um cabo de vassoura, participando da produção familar enquanto eu queimava um tronco e tomava chá de menta com o paizão.
Também passei o reveillon em Chefchaouen: 5,4,3,2,1 ... gafanhotos cantando .. o silêncio sepulcral mudava meu conceito de um novo ano.
Restaurantes esfumaçados. Rodoviária também. Cafés, ruas, hotéis, lojas, praças e a antiga mesquita no topo do morro. A cidade verde cor de azul.
Passei 5 dias em Chefchaouen, mas talvez tenham sido 5 meses.
guilherme, tá convocado pra publicar Chefchaouen parte 2
ei guilherme, faça mesmo... teremos o maior prazer em publicá-lo.
um reveillon desses só pode render um gde texto.
e o melhor texto sobre dois chifres vai ganhar meia hora em Del Chifre - com tudo pago pelo Filipeta da Massa -
quero enfatizar que esse correspondente do Filipeta nas Europa vale cada centavo de Euro que a firma investiu nessa viagem.
só discordo dele num ponto
"Neguei a oferta de todos, afinal de contas, pagar pela primeira maconha que se vê pela frente é coisa de maconheiro."
berzô, pegar toda maconha ofertada no caminho tb é coisa de maconheiro.
mas esse um assunto sobre o qual não entraremos em conflito.
afinal de contas, com tanto verde - ofertado ou comprado - o que não existe é conflito.
aguardem, daqui a 14 meses, um novo texto do quilombra, minha gente! o marcelo tas da maconha!!
Ótimo conteúdo!!
Muito bem bolado...
Vamos partir de mochilada, tem camping lá? Hehehe...
Chaouen Experience change.
Muito bom velho, boa caminhada.
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