balanço do encontro em Viena feito pelo blog hempadao.blogspot.com
Pronto. O rumo histórico baila no ar sobre os seres humanos e repousa no acúmulo do tempo. Impresso nas manchetes de jornais ou em milhões de pixels, todo mundo viu o Fernando Henrique, na cúpula mais legalize dos tempos modernos. Os acontecimentos dão passos assim como vão os nossos movimentos. E fica explícita a onda verde, tomando corpo no boca a boca e quebrando paradigmas no congresso poliglota, global. Nessa reunião da ONU, em Viena, iniciada no dia 11, muitos países levantaram opinião sobre políticas de entorpecentes e só os EUA, Rússia e Índia foram contra as mudanças da política de repressão.
Alguns países se mostraram mais audaciosos e entre eles está a Bolívia, com o discurso de Evo Morales justificando sua presença para “lutar pela coca”. O argumento é básico: a agricultura da planta representa grande parte da economia do país. Além disso, a ilegalidade do cultivo, que alimenta tradições e costumes bolivianos, torna o país inimigo da Guerra Global às Drogas. Convicto de seu discurso, Evo foi além e mastigou uma folha de coca durante o pronunciamento. E disse o que muitos já tiveram vontade de dizer: “E agora, serei chamado de dependente e serei levado daqui preso?”, questionou Evo à platéia e ao mundo.
Os ingleses, sempre muito doidos, sugeriram que o Estado gerisse as plantações e distribuições de maconha. Proposta que evidentemente não fez muita fumaça no encontro. Na verdade, não fez fumaça, no encontro não teve fumaça. O documento assinado pela comissão na quinta feira, dia 12, é muito mais careta do que se podia pensar. Esse documento estabelece a posição política que será adotada pela ONU nos próximos dez anos. E o item “Redução de Danos” foi sumariamente cortado da lista, fato que já provocou revolta de diversas entidades de saúde pública mundial. O registro não foi feito em folha de cânhamo e o bom senso ainda não entrou
No campo dos direitos humanos, mais um golpe baixo. As medidas sociais ficaram muito à margem do que se poderia prever depois de tudo que o terceiro mundo produziu em prol de mudanças. No final, a ONU obedeceu, mais uma vez, a voz que fala mais alto. Mas os decadentes Estados Unidos nunca foram muito de respeitar as recomendações das Nações Unidas. De qualquer forma, seria muito otimismo pensar que os futuros quatro anos da história americana sejam capazes de mudar anos de preconceito e conservadorismo. O rumo histórico tá aceso. A onda verde tá no ar. Sem tempo pra repouso, a luta continua. Vamos à marcha!
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